sábado, 24 de dezembro de 2011

As corajosas mulheres da genealogia de Jesus


Confesso que sempre achei muito cansativo e monótono ler os capítulos da Bíblia que contêm genealogias. Aquelas listas intermináveis de nomes, informando quem gerou quem e, raras vezes, “quem pariu quem”. Imagino que muitas pessoas possam ler essas genealogias em busca de algum nome para colocar em uma criança que vai nascer. Mas, se as genealogias estão lá é porque devem ter alguma função. Geralmente se diz que elas têm uma função legitimadora, ou seja, elas buscam legitimar o status social, étnico ou de nobreza de uma pessoa, mostrando que ela descende de ancestrais nobres, ilustres ou pertencentes a uma determinada etnia. As genealogias também mostram que a vida de cada pessoa está inserida dentro de um grande contexto familiar e que tem toda uma história que a determina.
Uma das genealogias que mais chama atenção é a de Jesus. Os evangelistas Mateus e Lucas, que escrevem sobre os ancestrais de Jesus,  trazem genealogias distintas. Enquanto Lucas segue a estrutura patrilinear e cita apenas os homens; Mateus, embora também siga a mesma estrutura, inclui o nome de cinco mulheres, o que configura algo incomum.  E que mulheres! Tamar, Raab, Rute, Betsabéia e, naturalmente, Maria. Com exceção de Maria, todas essas mulheres são estrangeiras. Além disso, para muitas pessoas, essas mulheres tiveram um comportamento questionável. Afinal, Tamar se vestiu de prostituta e enganou o sogro para com ele ter filhos; Raab é designada expressamente de prostituta; Davi forçou Betsabéia a ter um caso extraconjugal com ele e a engravidou;  Rute elaborou, juntamente com a sogra, um plano para reaver seus direitos; e Maria... bem, Maria ficou grávida e o pai da criança não era seu noivo! Que antepassados!!    

Mas por que essas mulheres estão na genealogia de Jesus?

Mateus deve ter tido suas razões para introduzir o seu evangelho justamente com essa genealogia. À primeira vista, pode-se afirmar que Mateus tinha duas intenções: em primeiro lugar, ele quer mostrar que, como descendente de Abraão (Mt 1,1), Jesus pertencia ao povo de Israel. Em segundo lugar, como descendente de Davi (Mt 1,6), ele também era o Messias esperado.

E as mulheres? O que elas nos querem revelar? As mulheres não podem ter tido a função de, como mães, garantir a origem judaica da descendência, ou seja: judeu é o nascido de mãe judia, pois das mulheres da genealogia pelo menos três são estrangeiras. Talvez uma rápida olhada na vida dessas mulheres possa nos esclarecer o porquê da sua presença na genealogia de Jesus.

 Tamar: Chega de decidirem por ela!

Encontramos a história de Tamar em Gênesis 38. Ela era uma mulher arameia que se casou com Her, o filho mais velho de Judá. Como o esposo morreu sem deixar filhos, ela deveria, de acordo com a lei do levirato (Dt 25), casar com Onã, o irmão mais velho do marido falecido. Mas este derramava, na hora do orgasmo, o sêmen na terra, pois sabia que, se gerasse um filho em Tamar, a criança seria considerada filho de seu irmão falecido, constituindo-se, portanto, em um herdeiro a mais. Também Onã morre. Conforme a lei, agora o terceiro irmão, Sela, deveria desposar Tamar para continuar a descendência do marido falecido. Mas Judá, com medo de perder mais um filho, devolve Tamar para o pai dela.
Tempos depois, ao saber que Judá voltaria a passar pela sua aldeia para tosquiar ovelhas, Tamar elabora um plano para garantir seus direitos e os de seu falecido marido. Ela se disfarça e vai ao encontro de Judá que, pensando tratar-se de uma prostituta, aceita deitar-se com ela. Porém Tamar sabe com quem está lidando; ela precisa precaver-se. Por isso, quando Judá promete pagar os seus serviços com um cabrito, ela lhe pede como penhor o selo, o cordão e o cajado do sogro. Ao enviar o cabrito como pagamento, os homens de Judá não encontraram mais a mulher.
Três meses depois, ao ser informado da gravidez de Tamar, o patriarca Judá exige que ela seja queimada. Pois, conforme a lei, mesmo tendo sido devolvida ao pai, Tamar não podia relacionar-se com outro homem que não da família de seu falecido marido. Mas Tamar se havia precavido e revela que o pai da criança era o dono do selo, do cajado  e do cordão. Assim, o fato não se configurava como adultério ou traição. A Judá não restou outra alternativa a não ser reconhecer Farés e Zara, os gêmeos que nasceram daquela gravidez, como filhos de Her.
A atitude de Tamar revela uma mulher corajosa e paciente, que soube lutar contra o descaso e a violência estrutural a que as viúvas eram submetidas na sociedade israelita. Cansada de submeter-se às decisões que outros tomavam sobre a sua vida, ela soube esperar o momento certo para tomar as suas próprias decisões e fazer cumprir a lei.

Raab - a mulher que fez a opção de se aliar à luta pela conquista da terra.

Além de estar presente na genealogia de Jesus, Raab  também aparece, juntamente com Sara, em Hebreus 11, como exemplo de heroína da fé. Raab e Sara são as únicas mulheres mencionadas nessa relação do livro de Hebreus.
Como ainda acontece hoje, na época, a prostituição era exercida por mulheres que precisavam ganhar o seu sustento. Em geral, a sociedade aceitava essa profissão. A profissão não era regulada por códigos legais ou morais. Às vezes, prostitutas dividiam uma mesma moradia. Além disso, era comum que prostitutas também oferecessem serviço de hotelaria. Compreende-se, então, por que os espias de Israel buscaram pouso na casa de Raab, em Jericó (Js 2,2).
Além disso, o texto afirma que a casa estava construída na muralha da cidade e possuía um terraço, a partir do qual se podia observar bem a movimentação dos que entravam e saíam da cidade. Em nenhum momento se diz que Raab foi obrigada a ajudar os espias; ela faz a opção de ajudá-los. Não só os escondeu, mas também arriscou sua vida ao mentir para o rei dizendo não saber onde os homens haviam ido. Raab adere, portanto, ao projeto israelita de tomar a terra, confessa que Javé é o mais poderoso dos deuses e pede proteção para a sua família. O cordão escarlate torna-se o símbolo do acordo entre Raab e os espias israelitas; é ele que vai proteger a família dela por ocasião da invasão. Esse símbolo lembra o sangue do cordeiro pintado nas portas dos israelitas, que protegeu, no Egito, o povo de Israel da morte. Graças à sua independência, Raab pôde ajudar os israelitas a concretizar o projeto de conquista da terra.  

Rute - a sabedoria de mulheres para defender a vida dos pobres.

A moabita Rute teve um papel tão importante na história de Israel que, mesmo sendo estrangeira, recebeu um livro com seu nome. Mulher, estrangeira, viúva e pobre - essa era Rute. A sua história começa em Moabe, um país vizinho de Israel, onde vivia e onde se casou com um israelita, que, juntamente com o pai, a mãe e um irmão, imigrara para aquelas terras por causa de estiagem e fome na pátria. Mas a morte bateu na porta daquela família e todos os homens morreram, deixando três viúvas, pobres e sem herdeiros. Noemi retorna, então, a Belém e leva consigo a sua nora Rute. Inicia aí uma história de grande sabedoria e perspicácia, na qual duas mulheres sozinhas vão ser obrigadas a lutar para ter seus direitos respeitados. Sem ter como garantir o sustento, já que os homens da “pequena família” estavam mortos, Rute vai juntar os restos da colheita nas terras de um agricultor de posses, parente de seu falecido marido. Conforme a lei da respiga (Lv 19,9-10; Dt 24,19), os pobres, estrangeiros, órfãos e as viúvas tinham o direito de colher das espigas que caíssem na ceifa. Rute cabia em três dessas categorias de pessoas: estrangeira, viúva e pobre.
Ao tomar conhecimento de que a estrangeira que respigava em seu campo era parente, o dono da terra, Booz, lhe dá permissão para respigar com liberdade e ficar junto com suas servas. Ao ficar sabendo que Boaz era parente de seu marido, Noemi começa a articular um plano para que Rute seja resgatada. De acordo com a lei do levirato (Dt 25,5-10), o parente mais próximo do marido falecido de Rute deveria, como no caso de Tamar, casar com a viúva e com ela gerar descendência para o falecido. Além disso, caso nascesse um filho desse relacionamento, a viúva teria novamente direito aos bens imóveis do falecido marido.
Instruída por Noemi, Rute toma banho, se perfuma e vai deitar-se onde Booz está e com ele passa a noite. Na manhã seguinte, ela revela a Booz que ele tem sobre ela o direito de resgate. Booz juntou, então, testemunhas e procurou um parente ainda mais próximo do falecido marido de Rute para saber se tinha interesse em cumprir a lei do resgate da viúva. Como esse parente não tinha interesse ou vontade para cumprir a lei, o próprio Booz assumiu a tarefa e se casou com Rute por quem já havia mostrado claro interesse, quem sabe ultrapassando o simples “cumprimento do dever”.  Rute foi, então, recebida pelo povo da cidade de Belém como as matriarcas Raquel e Lia (Rt 4,11). Com Booz teve um filho, Obede (“o que serve”), que viria a ser o avô de Davi.

Betsabeia - a mulher violentada pelo rei

Betsabeia não é mencionada, na genealogia de Mateus, pelo seu nome, mas como “esposa do hitita Urias”. É a única mulher da genealogia que viveu no âmbito da corte; mas nem por isto deixou de sofrer com a prepotência real. Sua história é contada em 2 Sm 11, onde se narra como ela foi vítima da falta de escrúpulos de Davi, que, possuído por desejo e cobiça, a violentou e engravidou enquanto seu marido estava na batalha defendendo Israel. Após saber da gravidez de Betsabeia, Davi articulou a execução de Urias na frente de batalha. Denunciado por Natã, que não o perdoou por esse ato criminoso, Davi mandou buscar Betsabeia para que viesse morar no palácio. Ela perdeu o primeiro filho, mas depois deu à luz  Salomão, o sucessor de Davi. Até o nascimento de Salomão, Betsabeia quase não fala. Anos mais tarde, no entanto, para defender o direito de Salomão ao trono, ela se une ao profeta Natã e cobra de Davi o cumprimento da promessa que este lhe havia feito: de que o filho dela seria o seu sucessor (1 Rs 1,11-31). Foi assim que a mulher violentada pelo rei, obrigada a prantear o marido morto em batalha e a mudar-se para o palácio real para tornar-se uma das esposas de Davi, transformou-se na mãe do segundo rei mais famoso de Israel.

Maria - a mulher que deu o seu sim ao projeto de Deus.

Provavelmente a única mulher não estrangeira da genealogia de Mateus tenha sido Maria. Ela provavelmente era de Nazaré. Muito jovem, foi escolhida para ser mãe de Jesus. Na genealogia, o verbo está na voz passiva: “de Maria foi gerado” (Mt 1,16). Conforme o relato do evangelista Lucas, Maria inicialmente se assustou ao receber a notícia do anjo, mas depois entoou um canto de alegria (Lc 1,26-33.47-55).  Esse cântico, também conhecido como Magnificat, mostra que ela era uma  humilde camponesa, proveniente de uma aldeia sem importância. Surpresa, alegria e coragem são sentimentos que transparecem no Magnificat.  Mesmo correndo o risco de ser apedrejada como adúltera –  já que engravidara antes do casamento – Maria aceita o desafio de ser a mãe do Messias. Este, sim, lhe traria muitas dificuldades. Primeiro o noivo cogitou em abandoná-la. Imagina ter a noiva grávida! Mas foi convencido a também aderir ao projeto de Deus. Depois, já próximo do tempo de dar à luz, precisou viajar até Belém, pois precisava acompanhar o esposo que para lá tinha que ir por causa do recenseamento romano. Era uma viagem de longos dias de caminhada. Como se não bastasse o desconforto da longa viagem, ao chegar em Belém não encontrou lugar para pousar e descansar. Pariu seu filho em um estábulo. Claro que, para Maria, uma mulher simples, passar por desconfortos era algo natural. Mas parir um filho longe de casa e ainda em um estábulo era coisa bem diferente. Ao dizer sim, Maria assume passar a vida toda acompanhando o ministério de Jesus. Seu sim a fez segui-lo até a morte na cruz.

Voltamos à pergunta inicial: por que essas mulheres estão na genealogia de Jesus no Evangelho de Mateus?

Através da genealogia de Jesus, Mateus chama à memória toda a história de Israel desde Abraão, que é também considerado o pai dos prosélitos, passando por Davi e o exílio babilônico. Mostra, assim, a humanidade de Jesus: ele foi verdadeiramente homem. O fato de as mulheres serem quase todas estrangeiras pode querer mostrar que a comunidade de Mateus vai contra toda a postura de pureza de raça presente no grupo que mandou matar Jesus. Ao incluir essas mulheres na genealogia, a comunidade de Mateus deixa clara a sua opção: estrangeiros devem ser acolhidos na comunidade. As mulheres não judias dão, assim, um tom universal à genealogia. Através da sua inclusão, Mateus revela seu objetivo: o Messias traz salvação a todas as pessoas, sejam de procedência judaica ou não. Mateus foge do sistema segregacionista presente na ideologia da sinagoga e mostra que muitas foram as pessoas não judaicas que aderiram ao projeto de Deus. As histórias dessas mulheres também revelam sofrimento, luta, superação, sabedoria e resistência.  Essas “mulheres de má fama” que se tornaram heroínas da fé nos inspiram em muitos momentos das nossas vidas; através de suas vidas, nos ensinam que, na história da salvação, há lugar e espaço para todas as pessoas de “boa vontade”.



Revda Sônia Mota- Pastora da IPU



BIBLIOGRAFIA:

Bíblia de Jerusalém

Ferreira, Joel Antonio.  Genealogia mateana: por que Tamar, Raab, Rute e Betsabéia? Disponível em http://www.cpgss.ucg.br/. Acesso em 25.11.2011.

Korenhof, Micke; Stuhlmann, Rainer. Wenn Eva und Adam predigen. V.1. Düsseldorf: Presseverband der Evangelischen Kirche im Rheinland, 1998
Lüdemann, Gerd. Jungfrauengeburt? Stuttgart: Radius, 1997.

Luz, Ulrich. Das Evangelium nach Matthäus. V.1 (Evangelisch- Katholischer Kommentar zum Neuen Testament), 5.ed., Düsseldorf etc.: Benziger/Neukirchener, 2002

Mesters, Carlos. Rute. (Comentários Bíblicos) Petrópolis: Vozes,
Schottroff, Luise; Silvia Schroer; Marie-Theres Wacker. Exegese feminista: resultados de pesquisas bíblicas na perspectiva de mulheres. São Leopoldo/São Paulo: Sinodal/EST/CEBI/ASTE, 2008.

Tamez, Elza. Mulheres no movimento de Jesus, o Cristo. São Leopoldo:  CLAI/Sinodal 2004.

domingo, 27 de novembro de 2011

SÉRIE: Petiscos de Espiritualidade - Parte II


NO DESERTO DEUS FALA AO CORAÇÃO

Pois agora, eu é que vou seduzi-la,
levando-a para o deserto e falando-lhe ao coração.
Oseias 2.14

Logo depois o Espírito Santo fez com que Jesus fosse para o deserto.
Marcos 1.12
Querida Igreja,
Saúde!

Na Escritura Sagrada o deserto, antes de ser um lugar inóspito, é um lugar para a vivência da espiritualidade. Em hebraico, língua em que foi escrita grande parte do Antigo Testamento, deserto é midebbar (pronuncia-se “midevar”). É uma palavra  composta da preposição “mi” (de) e do substantivo “devar”, oriunda do sema “dabbar”, cujo significado é “palavra”. Logo, o sentido literal de midebbar, deserto, é “Lugar da Palavra”. O deserto, como Lugar da Palavra, aparece no contexto de Israel na narrativa do Código da Aliança (Êxodo 19-23). O texto destaca que foi no deserto que o povo de Deus recebeu “as palavras do Sinai” (Êxodo 19.1-3) e, lá mesmo, se comprometeu a obedecer e praticar o que o Deus Eterno diz (Êxodo 24.7).  Por isso, o profeta Oséias, a partir do simbolismo do casamento, dirige-se a um povo que se acomodou com as suas próprias palavras e afirma que Deus mesmo irá seduzir Israel, levá-lo ao deserto, e falar-lhe ao coração (OSEIAS 2.14). Eis a razão de o Espírito Santo, após o batismo de Jesus no Jordão, tê-lo empurrado para o deserto. Lá Jesus confronta-se com “as coisas que o acusam” - que é o sentido do nome SATANÁS -, e com  seus “animais selvagens” (a essas “bestas” Mateus e Lucas dão o nome de PODER). Por isso, o Cristo é desafiado a confiar no cuidado de Deus, que está presente na frase “os anjos cuidavam dele” (MARCOS 1.12-13). Concluindo esta palavra pastoral, convidamos o irmão, a irmã, a aceitar de Deus o convite de ir ao deserto e permitir que o Espírito Santo os conduza nessa jornada. No deserto, Deus falará ao seu coração. À semelhança de Jesus, o Cristo, que vocês não tenham medo de encarar as coisas que os acusam, - aquelas coisinhas que insistimos em esconder, os nossos demônios que nos seduzem -, encarando-se também, como num espelho: as falsas imagens de si mesmos, sua espiritualidade mesquinha, sua sede pelo poder, seu desejo de vingança, seus sentimentos e ressentimentos tolos, entre outras coisas. Irmão e irmã, esse convite é pessoal e intransferível. Vocês vão aceitá-lo ou rejeitá-lo? A decisão é sua.


Rev. Cláudio da Chaga Soares
Cor meum tibi offero Domine propmpte et sincere.
                O meu coração ofereço-Te, ó Senhor, pronto e sincero.

(Este texto é parte de uma série de reflexões chamadas: Petiscos de Espiritualidade, palavras pastorais dirigidas à Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória e que encontram-se também no sítio desta igreja.)

domingo, 13 de novembro de 2011

SÉRIE: Petiscos de Espiritualidade


QUEM SOU “EU MESMO”?
Moisés viu que o espinheiro estava em fogo,
porém não se queimava.
Êxodo 3.2
Querida Igreja,
Saúde!

Lá vai Moisés, parábola de todos nós, o menino que foi tirado das águas (Êxodo 2.10). Para o deserto, foge (Êxodo 2.16). Ele, que sempre pensara ser egípcio, descobre-se hebreu. A partir daí, uma crise se instala nele e lá do fundo de sua alma irrompe uma voz inquieta, dizendo: - “Quem sou “eu mesmo”? Então... onde encontrar a resposta? Após muito vagar, Moisés pára na Montanha de Deus e, pela primeira vez, encontra-se com “Aquele que é”, que em hebraico significa também “Serei o que serei” (Êxodo 3.14-15). Moisés vê algo inusitado: uma sarça que arde em chamas sem ser consumida pelo fogo (Êxodo 3.3). Como um menino curioso, ele aproxima-se para ver mais de perto, como que querendo tocar/possuir o Mistério. De repente uma voz irrompe, lá onde a alma silencia, dizendo: “- Pare aí e tire as sandálias, pois o lugar onde você está é um lugar sagrado.” A ordem é clara: “Pare aí”. Parar para avaliar e iniciar novos caminhos. Parar de se preocupar com os afazeres do dia-a-dia (Êxodo 3.1). Então, numa demonstração de reverência, Moisés “folga os nós do sapato”, como diz Gilberto Gil, e rende-se à voz d’Aquele que fala do Espinheiro: espinheiro-sarça, espinheiro-em-mim (cf. II Aos Coríntios 12.7-10). E mais: ao tirar as sandálias, de certa forma Moisés renuncia a toda tentativa de buscar por si mesmo resposta à sua pergunta. Por isso, a terra árida do deserto, tida por muitos como má, torna-se agora santa: espaço sagrado para o encontro com Deus (Êxodo 3.5; cf. Josué 5.15). Assim, com temor e tremor, ele cobre o rosto num gesto de reconhecimento de que seus olhos não podem abarcar todo o Mistério do Deus (Êxodo 3.6). No entanto, ao encontrá-lo, Moisés encontra-se. Descobre-se servo, pronto para retornar ao Egito e anunciar aos irmãos o que Deus lhe fez.E você, já perguntou a Deus quem é você mesmo? Perguntea Ele e você se surpreenderá com a resposta.
rev. Cláudio da Chaga Soares
Cor meumtibioffero Domine prompte et sincere.
O meu coração ofereço-Te, ó Senhor, pronto e sincero.

(Este texto é parte de uma série de reflexões chamadas: Petiscos de Espiritualidade, palavras pastorais dirigidas à Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória e que encontram-se também no sítio desta igreja.)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

CONSAGRANDO A VIDA AO SENHOR DEUS

COMO VOCÊ VÊ A SUA EXISTÊNCIA?
Esta é uma questão de difícil resposta por não termos o habito de olharmmos constantesmente para a nossa realidade existencial. Para uns existir é correr atrás do que se deseja; para outros é refletir o que é que se deseja e o que isso significa para a sua vida. O apóstolo Paulo a vê como tempo de transformação que foi se sucedendo aos poucos(de perseguidor passou a ser um grande anunciador da palavra de Cristo). No estágio final dos seus dias ele a vê como oferenda a ser devolvida a Deus, de onde saiu. Este momento final de sua existência não é um vazio e um sofrimento, é sim um descanso, uma entrega àquele que lhe deu um novo ser. É essa relação com a vida que o faz entrar num tempo de serenidade e paz.
Segundo Lc 18.9, uns se viam cheios de justiças e de importância aos olhos dos outros e não percebiam que a sua existência estava fundamentada em princípios falsos, que eram a arrogantes e a prepotentes. Ao contrário, aquele que parecia nem ter existência própria, porque sua prática fora, durante muito tempo, de desonestidade e de roubo, é quem demonstra mergulhar mais profundamente em si mesmo e se reconhecer frágil, limitado e dependente de uma força maior, expressada sinceramente, ao dizer em sua oração que tivesse compaixão do pecador que era (Lc 18.13), revelando, assim, que a proximidade e o encontro com Deus somente acontece pela humildade de nossos corações.
O que justifica (Lc 18.14) nossas ações é a compreensão que temos sobre nós mesmos e sobre aquilo que faz parte de nossas vidas. A intensidade positiva do nosso viver com a família, revela à nossa existência que seu sentido profundo é amar, servir e perdoar. A forma perseverante de como vivemos nossa fé comunitária mostra-nos a convicção e a certeza que sentia Paulo na fase final de sua vida, de combatemos o bom combate e guardamos com muito cuidado esse tesouro despertado em nós que é a fé.
Portanto irmão e irmã, somos convidados a ver nossa existência como herdeiros dos propósitos do Criador. Para recebermos a coroa da justiça, dada a nós como recompensa, precisamos anseá-la, querê-la e buscá-la, e percebermos que é o Senhor quem nos mostra quem somos e então enche-nos de força (2Tm 4.17), para anunciar a todos que enxergamos agora, a nossa existência de maneira plena e feliz, porque fomos libertados das caricaturas que faziamos de nós mesmos, por desconhecer a sua essência. .    
(texto do Reverendo Luis Pereira)

Entregemos a nossa vida e a nossa existência  ao Senhor nosso Deus de forma completa e verdadeira e deixemos a direção dos nossos caminhos sob seus cuidados.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

AH, COMO EU QUERO...

  Cada manhã diante de Tua presença percebo que tenho muito a aprender, a viver, a cuidar, a sorrir, a celebrar... Mas, os compromissos diversos do cotidiano insistem em me afastar da beleza da Tua criação. Não tenho mais tempo de ouvir os pássaros que cantam a me alegrar. Não sinto o gosto do café e ou do pão... Pois, essa e outras práticas são feitas quase que mecanicamente, sem reflexão, sem estar por inteiro...
               Quero poder sentar à mesa da fraternidade sem tempo para levantar... Quero brincar em uma piscina até os dedos enrugar... Quero ouvir meu reggae e meditar... Quero ler um livro sem pressa de acabar... Quero dormir só mais um pouco ao lado de minha amada sem me preocupar... Quero jogar um dominó mesmo se for para passar...
              Quero ver as crianças na escola a estudar... Quero ver incentivo do governo para o salário do professor melhorar... Quero ver o pão na mesa do pião a trabalhar... Quero ver a saúde e a acessibilidade dando as mãos para dançar... Quero que cada brasileiro entre nessa dança... Quero que os marginalizados definitivamente tenham seus direitos garantidos e aplicados...
            Quero que as mulheres tenham salários dignos e não mais sejam agredidas... Quero que todos tenham a liberdade de exercer sua espiritualidade e ou religiosidade sem serem criminalizados... Quero que os muros das Universidades e das Igrejas caiam no chão, ... Quero que as praças encham-se de namorados, de crianças, de velhos, de justiça e dignidade... Quero que @s negr@s não sejam julgados e condenados pela cor de sua pele... Quero que os homossexuais não sejam agredidos e ou mortos pela intolerância e preconceito de muitos...
           Quero ver a alegria sorrindo para mim... Quero sentir o perfume de uma flor... Quero olhar as estrelas... Quero transformar essa realidade de morte... Quero sujar as mãos na construção de outro Brasil e ou mundo... Quero ouvir o som dos tambores anunciando: eis que faço nova todas as coisas!
          Quero ser de verdade no e com o mundo (quem sabe assim, minha vida tenha sentido). Sim, como eu quero... Fraternalmente,

Cláudio Márcio


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Começam cursos da AEPPI em parceria com o Sesc

“A visão e prática da AEPPI fundamentam-se na fé em Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, que ‘não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate de muitos’ (Mat 20:28), e que nos convoca a seguir seu exemplo (João 13) fortalecidos e orientados por seu Espírito (At 1:8)”.
 
A AEPPI – Associação Educacional Promocional Presbiteriana de Itapagipe – em parceria com o SESC – Serviço Social do Comércio – oferece os cursos de Arte em Retalhos, às quintas-feiras, e Decoração com Balões, às quartas-feiras, ambos das 13:30 às 16:30.
Maiores informações no tel.: 3013-2732, com a diaconisa Patrícia Araújo, coordenadora dos cursos da AEPPI.
Vale lembrar que já estão sendo oferecidos os cursos de vagonite, teclado e noções de técnica vocal aos sábados à tarde e violão às terças à tarde e sábados pela manhã.
Há também a perspectiva de retomarmos o curso de informática e iniciarmos mais um curso em parceria com o SESC, o de confeitaria.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Deus está aqui!!

Todos os dias, em todos os momentos Deus está aqui!

No seu pensamento, guiando seus movimentos, conduzindo sua vida, relembrando bons momentos.

Tudo o que acontece em nossas vidas, pode ter certeza, é uma ação de Deus!

As vezes coisas ruins (aos seus olhos) acontecem e você pensa que Deus não está com você, ou que foi culpa dele...

Bobagem! Mesmo nestas horas, Deus está te protegendo. Se Ele te tira algo, tenha certeza que virá algo ainda melhor.

Mas é preciso ter fé. Acreditar. Pedir e fazer por merecer.

Deus é justo! Deus é fiel a você!

E devemos ser fieis a Ele.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Um caminho exigente

Eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente.. ICor.12.31b

A vida cristã é um modo de ser onde a forma de nos relacionarmos expressa a consciência de que Deus nos chama a segui-lo e pede fidelidade de nós, que é afirmada sempre no caminho do amor.  De uma postura que exige de nós muito trabalho. Pois o amor é trabalhoso e requer muita dedicação.
     A espiritualidade cristã firma-se no cuidado, na generosidade, humildade, misericórdia e paciência, é sempre um movimento de nós mesmos para os outros. Nossa dificuldade é que esquecemos facilmente a razão maior da vida cristã, que deve ser vivida na vida de cada um de nós no seu cotidiano, família, emprego, casamento, nas aspirações e urgências da vida. Contudo há tantas solicitações, afazeres, compromissos, o tempo que corre, os sonhos, as metas, a visão, os projetos, um mundo de possibilidades, que acabamos ficando apenas na superfície de nossa religiosidade.
     Não há caminho fácil na via cristã, porquanto sempre a realidade da fé exige de nós algo mais, isso pode ser definido como o amor, que aqui é o contrário da indiferença, do egoísmo e do individualismo.
     Não é apenas naquilo que por vezes definimos como espiritual que encontramos o sinal do que seja amor. A oração, o estudo da Palavra, as dimensões dos bens rotineiros da fé como a devoção, os ritos, as doutrinas, as expressões da música, gestualidades, sacramentalidades não são um fim em si mesmas.Mas apontam para a nossa formação interior, de forma pedagógica a um caráter interior mais amoroso e disponível.
    É nessse entendimento que passamos a compreender que o lugar comum, essencial  da experiência do amor, no qual crescemos na fé, é a nossa própria vida diária,  na  qual experimentamos as lutas e desafios -  a vida cotidiana,  em nossa casa, trabalho e relacionamentos. Seja como pai ou mãe que ama seus filhos, por isso cuida destes, sabendo que como  são crianças requerem  atenção e dedicação, não apenas no sustento, mas no acompanhamento, supervisão e ensino de suas obrigações, responsabilidades e necessidades. Ou da família onde há idosos, um pai já com idade avançada que exige atenção dos filhos, quanto a andar, comer, se, caso tenha sofrido com algum doença crônica, necessitará de um cuidado redobrado, algo que consome por vezes, que cansa, porém que jamais abala as estruturas, pois sendo fruto de um amor, jamais perderá a alegria.

     O sofrimento tratado na perspectiva do amor passará a ser também uma fonte de amadurecimento, diálogo, e consciência de que todos necessitamos de todos, ninguém é auto-suficiente. Do nascimento à velhice recebemos cuidados dos outros. É aqui que olhamos que Deus nos chama como Rei que vem no Cristo na humildade de servo, não no poder imperial, mas no serviço, na força do amor. Para que nossa força não seja o poder, as armas, as posições que ocupamos, mas nossa entrega destemida através da fidelidade a Cristo expressa na perseverança no perdão, da palavra branda, da atenção às virtudes e no que há de bom nas pessoas, não nos  julgamentos, mas na escuta fraterna, no socorro aos gritos e choros daqueles que estão abandonados.

      Enfim, outro lugar onde o amor sempre é desafiado,   é na vida comunitária ou eclesial, um exemplo está na Igreja freqüentada por nós,   ali professamos a irmandade de todos e anunciamos que Deus não quer a destruição, mas a união em torno de um projeto de vida e sociedade chamado reino de Deus, que engloba mais do que uma confissão religiosa, um grupo, mas a vida em todas as suas manifestações , o cosmos, a natureza, os países e mundos diversos e diferentes que habitam nosso planeta. Mas que são vistos na ótica da gratuidade e não da competição ou da exclusão. Por isso oramos Pai Nosso. Mas neste santo lugar chamado comunidade. A tentação será sempre o poder, o fechamento e a imposição, a discriminação, a inveja e anulação do outro. Cabe o esforço para sempre apontarmos e trabalharmos pela união, comunhão e cuidado, a saúde de  nossas comunidades, só sendo possível na força do amor, que é  dom e virtude, de um lado força divina em nós, de outro disciplina exigente que só cresce no altar de um coração generoso, aberto e consciente, que jamais esquece aquilo que  afirmou  Antoine de Saint – Exupéry “ .O verdadeiro amor começa quando não se espera nada em troca”.Assim passamos a perceber que o amor é um grande discernimento que vamos trilhando nas escolhas  e percepções do que seja bom não apenas para nós mesmos, mas para todos.


Rev.Isaque Góes. Teólogo Protestante 
Membro do PEB - Presbitério Erasmo Braga

terça-feira, 19 de abril de 2011

CRISTO, O FILHO DO DEUS VIVO

        Cristo, filho do Deus vivo, confissão feita por Pedro a Jesus, vem mostrar que tipo de pastoreio ele assume. A região de cesaréia de Filipe tinha sido um santuário dedicado ao deus Pã, deus dos rebanhos e pastores, segundo o escritor judeu Flavio Josefo. Andando nesse lugar, com os seus discípulos, Jesus quer saber como o povo vê a sua ação como enviado de Deus. Este lugar também reflete a questão de soberania. O próprio nome, cesaréia, reflete a influencia dos Imperadores romanos denominados césares, e por sua vez a força do poder humano.  É aí que Jesus sente a necessidade de deixar claro que foi enviado para as ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 15,24), como contraponto aqueles falsos pastores que enganavam e exploravam o povo, os romanos.
        São nestes lugares de poderes de reis, que são afirmados os propósitos de Deus, ao anunciar que venham até Ele todos os que estão cansados e abatidos pelo peso de seus fardos (Mt 11,28). Foi para que as pessoas pudessem entrar em contato com outro tipo de vida que Jesus veio. É vontade do Cristo, trocar os fardos que as pessoas carregam em suas vidas. Para isso precisavam ser fortes e romper com as forças da morte e acreditar plenamente naquele que veio trazer àquelas pessoas um outro tipo de reinado, o de Deus.
       O inicio desse rompimento era a aceitação de uma nova possibilidade que passava por uma profissão de fé: tu és o Cristo, o filho do Deus vivo. A frase “ tu és” era usada antes, para exaltar os imperadores, ela reconhecia a identidade dos imperadores como representantes da vontades dos deuses. Jesus responde a Pedro que para dar essa resposta ele não agiu pela suas potencialidades humanas, mas por inspiração de Deus.
        Portanto, irmãos e irmãs, todos nós podemos transcender nossa forma humana de conceber a vida e buscar na presença do Deus vivo que está em nós, o alivio e o alento para superarmos todos os nossos pesados fardos e carências.

(por Rev Luis Pereira dos Santos - IPU de Caetité)

sexta-feira, 15 de abril de 2011

"Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome." (Salmo 23.3)

Aquele que compreende a profundidade dessa promessa se torna forte, confiante e destemido. Se o Senhor conduz você por vereda plana e pelos caminhos da justiça por amor do Seu nome, como seria possível algo estar errado em sua vida? Jamais! Todas as angústias, todo o mau humor, toda insatisfação e todas as queixas vêm da incredulidade. Permita-me dizer a você particularmente: o Senhor só é honrado e glorificado se você aceita as Suas promessas como sendo dEle para você bem pessoalmente. Se aqui está escrito: "Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome", isso significa por amor ao nome de Jesus. As promessas da Bíblia são garantidas e certas no precioso nome de Jesus, pois está escrito: "Porque quantas são as promessas de Deus tantas têm nele o sim; porquanto também por ele é o amém para glória de Deus." Essa certeza de ser guiado por vereda plana, por vereda de justiça, consola nosso coração. O mesmo Davi que também tinha essa certeza exclamou: "Percorrerei o caminho dos teus mandamentos, quando me alegrares o coração." É como um abençoado círculo divino, depois de nos aproximarmos dEle fica mais fácil obedecer ao Senhor.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

ATÉ QUANDO??

Leiam mais esse maravilhoso artigo, escrito pelo rev Claudio Rebouças (click no link):




Por Um Deus Mais Mundano...


Anda!
Quero te dizer nenhum segredo
Falo nesse chão, da nossa casa
Vem que tá na hora de arrumar...
(Sal da Terra)
Temos vivido nestes dias momentos em que outro modelo de comunidade eclesiástica não só é possível como é urgente que se instaure em nossas relações sociais. Assim, a história humana passa necessariamente por dimensões entre os gênesis e os apocalipses, em um processo longo e contínuo de criação e recriação de si mesmo e do outro em uma relação de espanto e encantamento diante da vida, dos caminhos e descaminhos... Desta maneira, acredito que um Deus mais envolvido com o nosso cotidiano, em cada esquina e praças, feira e mercados, praias e ou clubes... tem muito mais sentido e lugar em nosso século XXI. Ou seja, O Deus do templo precisa também ser percebido e vivenciado nas ruas promovendo justiça social e dignidade humana. Logo, precisamos pensar que Deus é esse que invocamos o seu nome, e ou nós como cristãos estamos a serviço de quem?
O que devemos e podemos fazer é contribuir para a construção de espaços de relacionamentos sociais mais igualitários e acolhedores.
Urge então, que nosso relacionamento com o Cristo de Deus nos torne mais humanos e que a religião em nossa experiência seja para emancipação, para liberdade, para celebração, para a vida... Que junt@s possamos viver e proporcionar o Reino de Deus em todo lugar (um reino humanizador), um Deus que conhece e compreende meu caminhar e estende a mão para a caminhada dizendo-me: Tu és meu (minha)! Levanta-te e anda... Pois, caminhar é preciso e hoje farei grandes coisas não só no templo mais no mundo. Portanto, ficai atento (a)!
Partindo dessa mesma proposta foi que o aniversário da nossa IPU em Muritiba desenrolou-se. Tivemos momentos encantadores e desafiadores para nossa caminhada. Fizemos 25 anos de amor, serviço, partilha... Pensamos no tema: Mundo Palco da Glória de Deus e a divisa em Êxodo. 3.5 “Tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa”. Assim, a proposta era pensar na mundanização de Deus que necessariamente implicaria em outras posturas nossas no e com o mundo. Daí, a terra é santa neste momento não em uma perspectiva geográfica, e sim, porque ela é a pachamama (a mãe terra que nos dá o alimento, que nos dá a vida.
Desta forma, no sábado (02/04/11), tivemos uma noite de louvor com participação de uma banda da igreja do Evangelho Quadrangular (Gov. Mangabeira), cantores da Batista (Muritiba), saudação do moderador do PSVD (Rev. Dagoberto), saudação do representante da ICAR em Muritiba (Sinésio Galvão) e outros(as).
Já no domingo pela manhã, uma programação rica e provocativa nos fazia refletir sobre nossa missão neste chão. Novamente tivemos participação de outras igrejas de nossa cidade (o que alguns chamam de ecumenismo cristão). A reflexão ficou com o Pastor Jorge Nery (Feira de Santana), que impulsionado pelo Espírito nos falou do compromisso com o próximo, de quem Jesus de Nazaré ouviu, sentiu, falou e tocou a vida e clamor dos marginalizados e excluídos pelo poder político-religioso do seu tempo. Também nos falou que Deus transcende o templo e que Ele acontece nos lugares mais inusitados e que nem sempre se encontra nas igrejas (às vezes está do lado de fora querendo entrar (Apocalipse 3.20).
Semelhantemente, o texto bíblico de Êxodos mostra um Deus libertador que sente a dor e ouve o sofrimento das pessoas. Assim, quem é Javé? Quem é Moisés? Estávamos ressignificando nossa identidade enquanto cristãos e cristãs. Daí, após uma palavra de vida e libertação nos preparamos para a eucaristia... Um momento lindo! O Rev. João Dias conduziu o primeiro momento lembrando-nos de alguns poetas que falavam da saudade. A ceia é a hora da saudade dizia João Dias e a melhor maneira de matar a saudade é com um encontro. E, o pão e o vinho representam este encontro com Jesus de Nazaré. Nesse momento, eu chamei os pastores presentes para distribuição dos elementos, a saber: Pr. Jônatas (PIB em nossa cidade) Pr. Edvaldo (Evangelho Quadrangular nossa cidade) e o Pr. Jorge Nery (Feira de Santana). Sem dúvida alguma foi um momento encantador. Que maravilha!
Por fim, após alguns cânticos, avisos e abraços comemos um delicioso bolo e bebemos refrigerante. Assim, nos renovamos diante do Criador, da vida e enchemos o coração de esperança para juntos (as) construirmos este reino de Deus que é acolhedor e transformador de estruturas que oprimem e manipulam a vida e o bem comum.
Forte Abraço, obrigado à tod@s que participaram e até o próximo...
Rev. Cláudio Márcio