terça-feira, 26 de abril de 2011

Um caminho exigente

Eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente.. ICor.12.31b

A vida cristã é um modo de ser onde a forma de nos relacionarmos expressa a consciência de que Deus nos chama a segui-lo e pede fidelidade de nós, que é afirmada sempre no caminho do amor.  De uma postura que exige de nós muito trabalho. Pois o amor é trabalhoso e requer muita dedicação.
     A espiritualidade cristã firma-se no cuidado, na generosidade, humildade, misericórdia e paciência, é sempre um movimento de nós mesmos para os outros. Nossa dificuldade é que esquecemos facilmente a razão maior da vida cristã, que deve ser vivida na vida de cada um de nós no seu cotidiano, família, emprego, casamento, nas aspirações e urgências da vida. Contudo há tantas solicitações, afazeres, compromissos, o tempo que corre, os sonhos, as metas, a visão, os projetos, um mundo de possibilidades, que acabamos ficando apenas na superfície de nossa religiosidade.
     Não há caminho fácil na via cristã, porquanto sempre a realidade da fé exige de nós algo mais, isso pode ser definido como o amor, que aqui é o contrário da indiferença, do egoísmo e do individualismo.
     Não é apenas naquilo que por vezes definimos como espiritual que encontramos o sinal do que seja amor. A oração, o estudo da Palavra, as dimensões dos bens rotineiros da fé como a devoção, os ritos, as doutrinas, as expressões da música, gestualidades, sacramentalidades não são um fim em si mesmas.Mas apontam para a nossa formação interior, de forma pedagógica a um caráter interior mais amoroso e disponível.
    É nessse entendimento que passamos a compreender que o lugar comum, essencial  da experiência do amor, no qual crescemos na fé, é a nossa própria vida diária,  na  qual experimentamos as lutas e desafios -  a vida cotidiana,  em nossa casa, trabalho e relacionamentos. Seja como pai ou mãe que ama seus filhos, por isso cuida destes, sabendo que como  são crianças requerem  atenção e dedicação, não apenas no sustento, mas no acompanhamento, supervisão e ensino de suas obrigações, responsabilidades e necessidades. Ou da família onde há idosos, um pai já com idade avançada que exige atenção dos filhos, quanto a andar, comer, se, caso tenha sofrido com algum doença crônica, necessitará de um cuidado redobrado, algo que consome por vezes, que cansa, porém que jamais abala as estruturas, pois sendo fruto de um amor, jamais perderá a alegria.

     O sofrimento tratado na perspectiva do amor passará a ser também uma fonte de amadurecimento, diálogo, e consciência de que todos necessitamos de todos, ninguém é auto-suficiente. Do nascimento à velhice recebemos cuidados dos outros. É aqui que olhamos que Deus nos chama como Rei que vem no Cristo na humildade de servo, não no poder imperial, mas no serviço, na força do amor. Para que nossa força não seja o poder, as armas, as posições que ocupamos, mas nossa entrega destemida através da fidelidade a Cristo expressa na perseverança no perdão, da palavra branda, da atenção às virtudes e no que há de bom nas pessoas, não nos  julgamentos, mas na escuta fraterna, no socorro aos gritos e choros daqueles que estão abandonados.

      Enfim, outro lugar onde o amor sempre é desafiado,   é na vida comunitária ou eclesial, um exemplo está na Igreja freqüentada por nós,   ali professamos a irmandade de todos e anunciamos que Deus não quer a destruição, mas a união em torno de um projeto de vida e sociedade chamado reino de Deus, que engloba mais do que uma confissão religiosa, um grupo, mas a vida em todas as suas manifestações , o cosmos, a natureza, os países e mundos diversos e diferentes que habitam nosso planeta. Mas que são vistos na ótica da gratuidade e não da competição ou da exclusão. Por isso oramos Pai Nosso. Mas neste santo lugar chamado comunidade. A tentação será sempre o poder, o fechamento e a imposição, a discriminação, a inveja e anulação do outro. Cabe o esforço para sempre apontarmos e trabalharmos pela união, comunhão e cuidado, a saúde de  nossas comunidades, só sendo possível na força do amor, que é  dom e virtude, de um lado força divina em nós, de outro disciplina exigente que só cresce no altar de um coração generoso, aberto e consciente, que jamais esquece aquilo que  afirmou  Antoine de Saint – Exupéry “ .O verdadeiro amor começa quando não se espera nada em troca”.Assim passamos a perceber que o amor é um grande discernimento que vamos trilhando nas escolhas  e percepções do que seja bom não apenas para nós mesmos, mas para todos.


Rev.Isaque Góes. Teólogo Protestante 
Membro do PEB - Presbitério Erasmo Braga

terça-feira, 19 de abril de 2011

CRISTO, O FILHO DO DEUS VIVO

        Cristo, filho do Deus vivo, confissão feita por Pedro a Jesus, vem mostrar que tipo de pastoreio ele assume. A região de cesaréia de Filipe tinha sido um santuário dedicado ao deus Pã, deus dos rebanhos e pastores, segundo o escritor judeu Flavio Josefo. Andando nesse lugar, com os seus discípulos, Jesus quer saber como o povo vê a sua ação como enviado de Deus. Este lugar também reflete a questão de soberania. O próprio nome, cesaréia, reflete a influencia dos Imperadores romanos denominados césares, e por sua vez a força do poder humano.  É aí que Jesus sente a necessidade de deixar claro que foi enviado para as ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 15,24), como contraponto aqueles falsos pastores que enganavam e exploravam o povo, os romanos.
        São nestes lugares de poderes de reis, que são afirmados os propósitos de Deus, ao anunciar que venham até Ele todos os que estão cansados e abatidos pelo peso de seus fardos (Mt 11,28). Foi para que as pessoas pudessem entrar em contato com outro tipo de vida que Jesus veio. É vontade do Cristo, trocar os fardos que as pessoas carregam em suas vidas. Para isso precisavam ser fortes e romper com as forças da morte e acreditar plenamente naquele que veio trazer àquelas pessoas um outro tipo de reinado, o de Deus.
       O inicio desse rompimento era a aceitação de uma nova possibilidade que passava por uma profissão de fé: tu és o Cristo, o filho do Deus vivo. A frase “ tu és” era usada antes, para exaltar os imperadores, ela reconhecia a identidade dos imperadores como representantes da vontades dos deuses. Jesus responde a Pedro que para dar essa resposta ele não agiu pela suas potencialidades humanas, mas por inspiração de Deus.
        Portanto, irmãos e irmãs, todos nós podemos transcender nossa forma humana de conceber a vida e buscar na presença do Deus vivo que está em nós, o alivio e o alento para superarmos todos os nossos pesados fardos e carências.

(por Rev Luis Pereira dos Santos - IPU de Caetité)

sexta-feira, 15 de abril de 2011

"Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome." (Salmo 23.3)

Aquele que compreende a profundidade dessa promessa se torna forte, confiante e destemido. Se o Senhor conduz você por vereda plana e pelos caminhos da justiça por amor do Seu nome, como seria possível algo estar errado em sua vida? Jamais! Todas as angústias, todo o mau humor, toda insatisfação e todas as queixas vêm da incredulidade. Permita-me dizer a você particularmente: o Senhor só é honrado e glorificado se você aceita as Suas promessas como sendo dEle para você bem pessoalmente. Se aqui está escrito: "Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome", isso significa por amor ao nome de Jesus. As promessas da Bíblia são garantidas e certas no precioso nome de Jesus, pois está escrito: "Porque quantas são as promessas de Deus tantas têm nele o sim; porquanto também por ele é o amém para glória de Deus." Essa certeza de ser guiado por vereda plana, por vereda de justiça, consola nosso coração. O mesmo Davi que também tinha essa certeza exclamou: "Percorrerei o caminho dos teus mandamentos, quando me alegrares o coração." É como um abençoado círculo divino, depois de nos aproximarmos dEle fica mais fácil obedecer ao Senhor.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

ATÉ QUANDO??

Leiam mais esse maravilhoso artigo, escrito pelo rev Claudio Rebouças (click no link):




Por Um Deus Mais Mundano...


Anda!
Quero te dizer nenhum segredo
Falo nesse chão, da nossa casa
Vem que tá na hora de arrumar...
(Sal da Terra)
Temos vivido nestes dias momentos em que outro modelo de comunidade eclesiástica não só é possível como é urgente que se instaure em nossas relações sociais. Assim, a história humana passa necessariamente por dimensões entre os gênesis e os apocalipses, em um processo longo e contínuo de criação e recriação de si mesmo e do outro em uma relação de espanto e encantamento diante da vida, dos caminhos e descaminhos... Desta maneira, acredito que um Deus mais envolvido com o nosso cotidiano, em cada esquina e praças, feira e mercados, praias e ou clubes... tem muito mais sentido e lugar em nosso século XXI. Ou seja, O Deus do templo precisa também ser percebido e vivenciado nas ruas promovendo justiça social e dignidade humana. Logo, precisamos pensar que Deus é esse que invocamos o seu nome, e ou nós como cristãos estamos a serviço de quem?
O que devemos e podemos fazer é contribuir para a construção de espaços de relacionamentos sociais mais igualitários e acolhedores.
Urge então, que nosso relacionamento com o Cristo de Deus nos torne mais humanos e que a religião em nossa experiência seja para emancipação, para liberdade, para celebração, para a vida... Que junt@s possamos viver e proporcionar o Reino de Deus em todo lugar (um reino humanizador), um Deus que conhece e compreende meu caminhar e estende a mão para a caminhada dizendo-me: Tu és meu (minha)! Levanta-te e anda... Pois, caminhar é preciso e hoje farei grandes coisas não só no templo mais no mundo. Portanto, ficai atento (a)!
Partindo dessa mesma proposta foi que o aniversário da nossa IPU em Muritiba desenrolou-se. Tivemos momentos encantadores e desafiadores para nossa caminhada. Fizemos 25 anos de amor, serviço, partilha... Pensamos no tema: Mundo Palco da Glória de Deus e a divisa em Êxodo. 3.5 “Tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa”. Assim, a proposta era pensar na mundanização de Deus que necessariamente implicaria em outras posturas nossas no e com o mundo. Daí, a terra é santa neste momento não em uma perspectiva geográfica, e sim, porque ela é a pachamama (a mãe terra que nos dá o alimento, que nos dá a vida.
Desta forma, no sábado (02/04/11), tivemos uma noite de louvor com participação de uma banda da igreja do Evangelho Quadrangular (Gov. Mangabeira), cantores da Batista (Muritiba), saudação do moderador do PSVD (Rev. Dagoberto), saudação do representante da ICAR em Muritiba (Sinésio Galvão) e outros(as).
Já no domingo pela manhã, uma programação rica e provocativa nos fazia refletir sobre nossa missão neste chão. Novamente tivemos participação de outras igrejas de nossa cidade (o que alguns chamam de ecumenismo cristão). A reflexão ficou com o Pastor Jorge Nery (Feira de Santana), que impulsionado pelo Espírito nos falou do compromisso com o próximo, de quem Jesus de Nazaré ouviu, sentiu, falou e tocou a vida e clamor dos marginalizados e excluídos pelo poder político-religioso do seu tempo. Também nos falou que Deus transcende o templo e que Ele acontece nos lugares mais inusitados e que nem sempre se encontra nas igrejas (às vezes está do lado de fora querendo entrar (Apocalipse 3.20).
Semelhantemente, o texto bíblico de Êxodos mostra um Deus libertador que sente a dor e ouve o sofrimento das pessoas. Assim, quem é Javé? Quem é Moisés? Estávamos ressignificando nossa identidade enquanto cristãos e cristãs. Daí, após uma palavra de vida e libertação nos preparamos para a eucaristia... Um momento lindo! O Rev. João Dias conduziu o primeiro momento lembrando-nos de alguns poetas que falavam da saudade. A ceia é a hora da saudade dizia João Dias e a melhor maneira de matar a saudade é com um encontro. E, o pão e o vinho representam este encontro com Jesus de Nazaré. Nesse momento, eu chamei os pastores presentes para distribuição dos elementos, a saber: Pr. Jônatas (PIB em nossa cidade) Pr. Edvaldo (Evangelho Quadrangular nossa cidade) e o Pr. Jorge Nery (Feira de Santana). Sem dúvida alguma foi um momento encantador. Que maravilha!
Por fim, após alguns cânticos, avisos e abraços comemos um delicioso bolo e bebemos refrigerante. Assim, nos renovamos diante do Criador, da vida e enchemos o coração de esperança para juntos (as) construirmos este reino de Deus que é acolhedor e transformador de estruturas que oprimem e manipulam a vida e o bem comum.
Forte Abraço, obrigado à tod@s que participaram e até o próximo...
Rev. Cláudio Márcio