III
– SOBRE A PALESTRA DE MINHA AUTORIA
A COMISSÃO ORGANIZADORA
NACIONAL da Conferência convidou-me, com antecedência, para proferir uma
palestra e deu-me o seguinte TEMA- “CONTEÚDO REVOLUCIONÁRIO DO ENSINO DE JESUS
SOBRE O REINO DE DEUS”. Eu me senti muito honrado, e aceitei o convite para
falar sobre a contribuição do Novo Testamento dentrodo tema da Conferência, já
que antes de mim, falaria o meu ilustre colega e amigo, o biblista, Rev. Joaquim
Beato sobre a contribuição do Antigo Testamento, focalizando os Profetas.
Quando comecei a estudar o tema que a Comissão escolheu, fiquei tão
impressionadocom a atualidade do assunto para a Realidade Brasileira, que
sugeri que o tema fosse: “A REVOLUÇÃO DO
REINO DE DEUS”-e que ficasse, como subtema: ‘CONTÉUDO REVOLUCIONÁRIO DO
ENSINO DE JESUS SOBRE O REINO DE DEUS.” A Comissão concordou, apesar de alguns
colegas e irmãos achassem que eu estivesse “radicalizando”
ao usar a palavra ‘REVOLUÇÃO’ aplicando-a ao ensino e à ação de Jesus. Ainda
hoje, nem todos concordam com a escolha para usar essa palavra. A última
sugestão foi a do teólogo batista, Dr.
Jorge Pinheiro,em seu excelente livro “DEUS É BRASILEIRO” publicado em São
Paulo,SP, em 2008.Ele sugeriu que eu devia usar a palavra transliterada da
língua grega, “KAIRÓS”, em lugar de “Revolução”. Acho que a sugestão dele é
boa, mas eu ainda não estou convencido, porque, consultando o texto grego de
Atos dos Apóstolos 17. 6, quando relata o que aconteceu na cidade de
Tessalônica como resultado da pregação do apóstolo Paulo e seu colaborador
Silas, e com a participação de um grupo de novos convertidos, o historiador
Lucas usa o verbo grego “ANASTATÓW”, que
pode ser traduzido por: “transtornar”, “alvoroçar”, “virar de cabeça para
baixo”, “virar pelo avesso”,e, até
“revolucionar”. Foi o que aconteceu naquela cidade. Houve um alvoroço
teológico, ético e social em Tessalônica relembrado por Paulo no 1º Capítulo de
sua 1ª Epístola Aos Tessalonicenses.
Também porque gosto muito das palavras do grande historiador, doutorJ.H.MerleD’Aubigné em seu monumental livro
‘HISTORY OF REFORMATION”, quando declarou: “O
Cristianismo e a Reforma são as duas maiores revoluções da História. Elas não
foram limitadas a uma nação...mas se estenderam por várias nações e seus efeitos são destinados a ser
sentidos até os confins da terra. Antes dessa declaração ele explica que usa
essa palavra REVOLUÇÃO, referindo-se ao Cristianismo porque “ Uma Revolução é uma mudança na vida total dos seres
humanos. É alguma coisa nova que se desenrola no seio da humanidade...”Assim
podemos dizer que o que aconteceu em Tessalônica foi uma Revolução porque, lá
os cristãos praticaram um evangelização “REINOCÊNTRICA” e não “ANIMOCÊNTRICA”
porque apresentaram, como João Batista, Jesus e seus discípulos o “BASILEIAÉTERON”,“O OUTRO REI!”para a realidade total da pessoa humana e da sociedade.,
prescindindo qualquer outro CÉSAR
deste mundo. Essa é a ‘Revolução do
Reino de Deus “ que o Brasil precisa. Naquela época, emtodo o Império Romano a
religião dominante era o CULTO AO
IMPERADORe os cristãos, em todas as
cidades e vilas, eram obrigados a cultuar as imagens do Imperador, e
deviamacender o incenso para adorar a
estátua, chamando o Imperador de “DOMINUS, REX ET DEUS!”. Quem rejeitasse a
fazer esse gesto religioso era sacrificado, como aconteceu com Policarpo (110
AD), o pastor de Esmirna, na Ásia Menor. Por isso o livro do APOCALIPSE tem uma
mensagem atualíssima porque apresentou aos cristãos dos primeiros séculos, que
havia um trono na terra, onde estava assentada a BESTA, ou a FERA, (Ap.13) que
era CÉSAR, e outro trono onde estava assentado o “CORDEIRO que foi morto e
reviveu.(Ap 5.1-13). O cristão está desafiado a escolher entre um e outro. Hoje
temos assentado nos tronos da terra,
novos deuses, um deles é chamado: “DEUS DO MERCADO.”
(texto apresentado na ocasião das comemorações dos 50 anos da Conferência do Nordeste, em Vitória - ES, gentilmente cedido pelo Rev. João Dias de Araujo. Memórias que nos inspiram e desafiam...)
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