Nelson Kilpp*
O “caminho de Santiago“ é uma conhecida rota de
peregrinação que reproduz o caminho percorrido na Idade Média por inúmeros
peregrinos até o famoso santuário de Santiago de Compostela no norte da
Espanha. Esse santuário tem uma longa história. Sua origem está vinculada ao
discípulo de Jesus chamado Tiago, filho de Zebedeu, irmão de João. Para
diferenciá-lo de outro Tiago, filho de Alfeu, ele geralmente é chamado de
Tiago, o maior, ou seja, o mais velho.
Tiago era um nome muito conhecido na época de Jesus. Ele próprio
tinha um irmão com esse nome. O nome hebraico, na verdade, é “Jacó”, o mesmo
do famoso patriarca de Israel. Ele foi transformado, nas línguas latinas, em
“Iago” e, posteriormente, em “Sant(o)iago”, abreviado para “Tiago”.
Juntamente com seu irmão João, Tiago, o maior, foi um dos
primeiros discípulos vocacionados por Jesus. “[Jesus] viu outros dois irmãos,
Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco em companhia
de seu pai, consertando as redes, e chamou-os. No mesmo instante, deixando o
barco e seu pai, eles o seguiram” (Mateus 4.21s). Tiago e João eram,
portanto, assim como Pedro, pescadores galileus.
Não sabemos o que motivou os dois irmãos a abandonar a pescaria
no mar da Galileia para seguir Jesus. Em todo caso, estiveram com Jesus desde
o início de sua atividade. Por isso, ao lado de Pedro e João, o nosso Tiago
sempre teve um lugar de destaque no grupo dos discípulos de Jesus e na vida
da comunidade (por exemplo Lucas 8.51). Ele esteve presente nos momentos
importantes da vida de Jesus, por exemplo no monte da transfiguração e no jardim
do Getsêmani (Mateus 17.1; 26.37).
A vida de Tiago mostra que um discípulo não nasce pronto, mas
amadurece através de um longo processo de crescimento. Ainda no início de seu
ministério, Jesus dá aos dois irmãos Tiago e João o apelido de “os filhos do
trovão”. Esse cognome deve-se, sem dúvida, ao fato de que os irmãos eram um
tanto impetuosos e, quem sabe, até briguentos.
Quando esteve com Jesus no monte da transfiguração, Tiago foi um
dos que pôde presenciar a glória e o poder que cercavam seu mestre Jesus
(Mateus 17.1-8). Mas ele provavelmente entendeu mal esse extraordinário poder
dado ao mestre. Como muitos outros, também Tiago pensava que Jesus expulsaria
os romanos da Palestina e fundaria um novo reino, em que os discípulos teriam
importantes funções de comando.
Mateus 20.20-28 conta que a mãe de Tiago (e João) pede a Jesus
que dê a seus filhos um lugar de destaque no futuro reino de Jesus. Quando
esse perguntou se os dois irmãos também poderiam “beber o cálice” que ele
iria beber, responderam afoitamente: “Podemos”.
O impetuoso, afoito e ambicioso Tiago também esteve presente no
Getsêmani momentos antes da prisão de Jesus. Ali, Tiago e seus companheiros
mostraram toda a sua fraqueza, adormecendo quando tinham a tarefa de vigiar.
Mas todo esse caminho foi necessário para que Tiago aprendesse que Jesus veio
trazer o reino do amor e não o reino da violência.
No fim de sua vida, por levar a sério esse novo reino do amor,
Tiago sofreu o martírio no ano 43 sob o rei Herodes Agripa: “Por aquele
tempo, mandou o rei Herodes prender alguns da igreja para os maltratar,
fazendo passar a fio de espada a Tiago, irmão de João” (Atos 12.1s). Clemente
de Alexandria acrescenta que ele foi decapitado após ter convertido seu
acusador.
De acordo com uma lenda, o cadáver de Tiago foi levado por seus
discípulos, num barco sem tripulantes, até o noroeste da Espanha, onde foi
sepultado. No século 9, o apóstolo Tiago teria aparecido a um eremita no
“campo da estrela” (Compostela), o que levou à construção de um santuário
sobre o suposto sepulcro de Tiago, que se tornou o destino da famosa
peregrinação.
Nelson kilpp : * Especialista
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sábado, 15 de setembro de 2012
TIAGO - O MAIOR
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